domingo, 5 de dezembro de 2010

Dias de confusão

Já não sei se o amor é tão maior que tudo que exista no mundo como dizem por aí desde sempre, desde agora não é mais, pelo menos pra mim. O amor é o de menos, ele traz muito sofrimento, traz coisas boas, claro, isso nem a alma mais ignorante pode negar, coisas muito boas, aliás, chegam a ser esplendorosas, até dolorosas de tão boas, mas além disso, traz dores muito mais doídas e sofridas que viram feridas abertas que só podem ser curadas sabe se lá por quem ou como, ainda não consegui descobrir. Decidi amar menos pessoas, e amar só as que merecem meu amor. Até tentei, mas o coração é fraco e não aprendeu a distinguir quem deve ou não ser amado, ainda, acho que depois de apanhar mais um pouco ele vai acabar aprendendo, pelo menos com o cérebro foi assim, mas ele é mais astuto e menos molenga e saltitante que o coração estúpido. Confesso que eu ando tentando treiná-lo, assim como a gente arruma um guarda-roupa quando ele está muito bagunçado, de tempos em tempos, sempre tem aquela hora que não dá mais, aí você resolve, com o coração é igual, de vez em quando a gente tem que jogar tudo pra fora e ir colocando aos poucos tudo no lugar certo. Primeiro a gente vê o que é mais importante e coloca no lugar mais prático e fácil de mexer, depois a gente vê aquelas coisas que a gente nem sempre precisa, até algumas coisas que a gente nem gosta de ver e coloca mais escondidinho, mas de fácil acesso, porque nunca se sabe né? Aí chega a hora daquelas coisas que não servem pra mais nada, só que ninguém sabe se desfazer disso, mesmo que não tenha nenhuma serventia vai ficar lá atrás de tudo, pra quando der uma saudade de ver aquilo é só dar uma procurada que a gente acha. Por último ficam as coisas que um dia te serviram muito, mas agora não são mais pra você, você podia até doar pra quem precise mais que você, ou perceber que não te serve mais, que o que você devia era desfazer de tudo aquilo e fingir que nunca existiu ou pelo menos que nunca foi seu só que o que a gente faz é colocar o mais escondido possível. Pronto, o guarda-roupa está arrumado, assim como o coração, com tudo no lugar certo, mas vão se passando os dias, as semanas, os meses e os anos, aí quando chega naquele estado em que está tudo bagunçado demais e você tem que jogar tudo pra fora, aí aquilo que não deveria estar ali, aquilo que não deveria ser seu mais te salta aos olhos e acaba bagunçado tudo outra vez, até o cérebro super treinado.

Kellen Mota

2 comentários:

Camilla Leonel disse...

tenho dificuldades em arrumar guarda-roupas. são grandes, cabem muita coisa, tem muito o que se ver e acho dificil me desfazer de algumas coisas.. até chegar nessa fase, treino com as gavetas. são menores! e talvez dê pra esconder algo em fundos falsos.
um beijo kel!
adoro sua escrita.

Kellen Mota disse...

vc me humilha até nos comentários, sua linda! obrigada..beijo